A primeira morte assistida utilizando a cápsula suicida “Sarco” foi registrada na Suíça, segundo informou nesta terça-feira a organização The Last Resort, responsável por gerenciar a cápsula no país. O incidente levou as autoridades suíças a classificar a cápsula como não conforme com a lei e a realizar várias detenções, segundo a Swissinfo.ch.
Uma mulher americana de 64 anos, com problemas de saúde, foi a primeira pessoa a utilizar a cápsula para encerrar sua vida na segunda-feira à tarde, perto de uma cabana florestal no cantão de Schaffhausen. Após o evento, a polícia de Schaffhausen informou que a fiscalização abriu diligências criminais contra várias pessoas por incitação e complicidade no suicídio, e que a cápsula de Sarco foi apreendida.
O dispositivo, criado pelo médico australiano Philip Nitschke e pelo engenheiro holandês Alex Bannink, usa nitrogênio para induzir a morte por hipóxia, uma alternativa que seus criadores apresentaram como inovadora em comparação a métodos tradicionais como o pentobarbital sódico. Sarco foi apresentado como uma opção legal na Suíça, onde a eutanasia é permitida, mas tem enfrentado críticas e questionamentos legais.
O governo suíço, através da ministra do Interior, Elisabeth Baume-Schneider, afirmou recentemente que a cápsula não cumpre com a Lei de Segurança de Produtos nem com a Lei de Substâncias Químicas do país, destacando que o uso de nitrogênio para fins suicidas não está contemplado na legislação.
Enquanto isso, a organização The Last Resort defende a legalidade da cápsula, argumentando que basearam seu uso na Suíça em amplos pareceres jurídicos e que não existe um impedimento legal claro para sua aplicação. Além disso, anunciaram planos para introduzir uma cápsula dupla, permitindo a casais terminar sua vida juntos, com disponibilidade prevista para janeiro próximo.
Esse caso provocou um intenso debate no Parlamento suíço e na opinião pública, com propostas para revisar a regulamentação de dispositivos como Sarco e assegurar que o uso de tecnologias para a eutanasia respeite os princípios éticos e legais do país.
30/09/2024